A Guilda

Depois de mais um dia comum de trabalho, após entregar algumas encomendas na vila, Sieg chegou em sua casa só para encontrar seus filhos conversando na sala com a sua sobrinha Gala e o seu sobrinho João.

– Boa tarde, meninos, ao que devo a visita de vocês hoje?

– Bem, tio, eu e o João estávamos querendo saber mais sobre a origem da Guilda dos Aventureiros, também conhecida como Guilda dos Caçadores de Recompensa e a gente lembrou que você já foi membro ativo desta e é membro do conselho gestor desta então a gente veio pedir para você nos contar sobre esta – respondeu Gala.

– É, a gente até perguntou para o pai, mas ele resmungou e disse que você era mais indicado para isso – completou João.

O elfo riu diante do que o sobrinho havia falado.

– Aliás, tio, posso fazer uma pergunta antes do senhor começar a contar a origem da Guilda? Como o meu pai, um nerd de marca maior, jogador de RPG, que nunca parou de jogar este mesmo depois de vir para cá, que ensinou este até aos seus filhos, nunca fez parte da Guilda? Simplesmente não faz sentido e quando eu perguntei isso para ele, eu ouvi outro resmungo como resposta.

– Teu pai resmunga sobre isso, João, porque esta é uma das maiores frustrações dele aqui em Noritvy. Legalmente não há nenhum impedimento para ele, apesar de ele ser o campeão do Reino de Arlon e esposo da sua mãe, a princesa herdeira, ser membro da Guilda, ele simplesmente não conseguiu se associar.

– Como assim não conseguiu?

– Vós garotos sabeis como funciona o sistema da Guilda, não é mesmo? Depois que alguém se associa a esta, os funcionários conduzem o novo associado à uma sala onde este coloca uma das mãos sobre um cristal e, assim, é emitido o cartão mágico de membro da Guilda. Este cartão contém os principais dados deste associado: sua idade, seu nome, suas habilidades e até a classificação de nível como aventureiro, segundo os parâmetros da Guilda.

– Sim, claro, tio, mas o que isso tem a ver?

– Bom, João, quando o vosso pai colocou a mão sobre o cristal, esse deu erro, simplesmente não conseguiu “ler” o seu pai.

– Como assim deu erro, pai? – perguntou Rosa. – Até a nossa mãe tem um cartão da Guilda, com um símbolo de infinito no lugar onde diria o nível de “mana” dela, mas ainda assim até ela conseguiu ter o cartão emitido.

– Será que é porque o tio Lukhz é um “invocado”, pai? – completou Karlon.

– Pensamos nisso num primeiro momento, mas outros portadores de joias focais conseguiram ter o seu cartão emitido então não foi por isso. Nós temos uma teoria, mas como o criador do sistema já faleceu, bem vamos ficar eternamente na teoria mesmo.

– E qual seria essa, tio?

– Bem, Gala, como vós todos sabeis, o meu irmão tem a capacidade de copiar habilidades alheias e até compartilhar essas com outras pessoas. O sistema de registro da Guilda registra essas habilidades e, bem, nós acreditamos que o seu pai possa ter estourado a capacidade de registro do sistema. Por exemplo, no seu cartão diz que vós dominais o “estilo arloniano de luta desarmada” certo? Porém essa nomenclatura foi inventada pelo vosso pai quando ele começou a te treinar. Provavelmente, se o sistema tivesse conseguido “ler” o vosso pai, ele listaria todas as artes marciais da Terra que ele domina.

– Entendi, junta-se a isso todos os idiomas que ele fala, a maluquice dele de aprender a tocar vários instrumentos musicais diferentes, de copiar várias habilidades inúteis e, pronto, temos um sistema pifando. Faz todo o sentido – concordou Gala.

– Mas o pai tem uma carteira “falsa” feita para aquela identidade dele que ele usa para investigar as coisas quando não quer chamar atenção. Não dava para, sei lá, fazer uma carteira “falsa” com a identidade verdadeira dele?

– Até dava, João, e eu ofereci para fazê-lo, mas o vosso pai reclamou, dizendo que não tinha a mesma graça.

Os jovens todos riram, pois, conseguiam imaginar a cena de Lucca resmungando sobre isso como se fosse uma criança deixada de fora de um jogo.

– Bom, agora que já falamos “mal” do meu irmão, deixa eu começar a história que vós realmente desejais ouvir, mas antes deixa eu preparar uma cuia de chá real. Sieg foi até à cozinha, preparou uma cuia de chimarrão (ou chá real, como era conhecido por lá), sentou-se na sua poltrona favorita e começou a relatar a história da origem da Guilda.

– Como todos aqui bem sabeis, existe um grande conselho mágico aqui em Noritvy, que zela pela magia deste mundo e que é o responsável por escolher o novo guardião da magia quando o atual se aposenta ou morre. Bem, nas reuniões periódicas deste, os seus membros costumam trocar ideias e experiências. À mais ou menos duzentos anos, um mago de um reino situado no extremo oriente do grande continente de Orbi, inspirado pelas experiências de invocações de heróis que haviam ocorrido aqui no continente central, resolveu convocar um herói para lidar com um grande demônio crocodilo que estava aterrorizando a sua nação e, digamos que ele foi parcialmente bem-sucedido.

– Como assim, tio?

– Bom, João, nas palavras do vosso pai, que veio a conhecer este herói invocado quando o mesmo já estava bem velho, o mago mirou em trazer um campeão clássico, mas acabou invocando um japonês de vinte anos, nerd, jogador de rpg e fã de animes do tipo isekai, seja lá o que for isso. Mas, ao mesmo tempo, não dá para dizer que foi um fracasso total afinal, Alastar, o Grande, como ele se autobatizou ao chegar aqui, se mostrou um excelente mágico, um bom estrategista e um bom criador de equipamentos mágicos e conseguiu derrotar o tal demônio.

– Peraí, tio, você está falando do Alastar, o lendário inventor mágico e fundador da guilda? – falou Gala, interrompendo o tio.

– Deste mesmo.

– Ele era um japonês? E ele que se autoproclamou “Alastar o Grande”?

– Sim.

– Bem, definitivamente um nerd.

Sieg riu do comentário da sobrinha e, quando estava prestes a recomeçar a história, foi interrompido pelo seu filho Karlon.

– Pai, só tem uma coisa que não está batendo nisso tudo. Se o Alastar era um humano da Terra de vinte anos quando chegou aqui e se isso foi há uns duzentos anos, como o tio Lukhz pode ter conhecido ele? Humanos da Terra dificilmente passam de cem anos.

– Isso é fato, filho, na Terra, mas aqui Alastar se tornou um mago e magos conseguem prolongar a sua vida com a ajuda da magia, esquecestes deste detalhe?

– É, eu tinha esquecido disso.

– Pois bem, antes que eu retome a história, mais alguma pergunta?

– Eu tenho uma, tio: Alastar não viajou só no espaço, mas no tempo também, né? Considerando as tecnologias da Guilda, elas são mais compatíveis com as da Terra atual do que da Terra de duzentos anos atrás.

– Perfeitamente, Gala, Alastar era um contemporâneo do seu pai, se consideramos a data de nascimento dele na Terra. Agora, posso continuar a história?

Os jovens assentiram com a cabeça e Sieg retomou de onde havia parado.

“Num primeiro momento, o mago e o governante da nação ficaram decepcionados com o campeão invocado, mas Nobuhiko, que era o verdadeiro nome dele, ou Alastar o Grande, como ele passara a se apresentar, se esforçou para provar que eles estavam errados.

De fato, Alastar não era um grande guerreiro, mas era um mago habilidoso, criativo, um bom estrategistas e capaz de criar equipamentos mágicos de primeira qualidade. E o seu esforço deu resultado.

Ele reuniu um grupo de aventureiros locais, que, sob a sua liderança e usando equipamentos desenvolvidos por ele, conseguiram derrotar a ameaça que perturbava o reino.

O governante pediu desculpas por tê-lo julgado mal e o mago prontamente, de bom grado, ofereceu para mandá-lo de volta para casa caso assim ele desejasse, mas Alastar recusou, alegando que única pessoa com quem ele se importava na Terra, sua avó, já havia falecido e que estar naquele mundo havia permitido a ele deixar de ser um hikikomori e superar seus traumas.”

– Pai, desculpa eu interromper, mas o que é um hikikomori?

– Isso eu respondo, primo – falou João, se adiantando ao primo. Os hikikomori são pessoas geralmente jovens, que se retiram completamente da sociedade, de modo a evitar o contato com outras pessoas, geralmente motivadas por algum trauma ou problema emocional. Muitas acabam entrando em depressão profunda e até se suicidam, é algo muito grave.

– Entendi, pode continuar, pai, por favor.

“Diante da decisão de Alastar em ficar, o governante lhe fez uma seguinte proposta: que ele mantivesse o grupo de aventureiros por ele reunido ativo, prontos para ajudar o governo quando este precisasse. Inspirado pelos livros de rpg da sua terra natal, ele fez uma contraproposta: o governo local permitiria que ele criasse uma organização, uma guilda, que facilitaria não só o governo, mas todos que precisassem a entrar em contato e contratar aventureiros para as mais diversas missões.

Em contra partida a organização assumiria a responsabilidade de manter os aventureiros “na linha”, punindo aqueles que infringissem a lei e criaria uma escala de classificação de nível tanto para os aventureiros quanto para os trabalhos que surgissem para estes, permitindo assim que os empregadores tivessem acesso aos trabalhadores certos para os serviços certos e protegendo também os aventureiros de aceitarem trabalhos que estivessem fora do seu alcance e que acabasse os expondo a riscos desnecessários.

Alem disso a organização também ofereceria cursos para os aventureiros, sessões de treinamento tático e prático e acesso à fabricantes de equipamentos.

O governante aceitou a contraproposta e assim surgiu a primeira filial da Guilda dos Aventureiros ou, como Alastar, que gostava de nomes grandiosos a batizou, “Guilda dos Caçadores de Recompensas”.

Ele ficou mais alguns anos lá, estruturando a guilda, desenvolvendo equipamentos mágicos de comunicação de curto e médio alcance e quando ele sentiu que a Guilda estava pronta para andar com as próprias pernas, partiu para viajar pelo mundo, em busca daquele que era, segundo ele, o seu grande chamado na vida.”

– Deixa eu adivinhar, pai, o grande chamado era espalhar a guilda pelo mundo, certo?

– Não, na verdade nada tão nobre assim, Rosa, embora de fato ele tenha espalhado a guilda pelo mundo. Na verdade, nas palavras dele próprio, o seu grande chamado na vida era “encontrar uma elfa alta, forte e musculosa com coxas capazes de esmagar a cabeça dele como um gomo de uva e fazer desta sua esposa. Ou, na ausência desta, arranjar uma mulher com orelhas e rabinho de gato que falasse Nyan ao fim de cada frase”.

– Um verdadeiro nerd – comentou fala fazendo uma cara de “vergonha alheia”.

– Definitivamente – concordou João.

Sieg riu da reação dos sobrinhos e se preparou para retomar a narrativa, mas foi interrompido pela sua outra filha.

– E ele conseguiu alcançar o seu objetivo, pai?

– Já chegarei nessa parte, se vós deixarem.

– Ok, tio, só dá um “spoiler”: ele conseguiu, sim ou não?

– Sim, João, conseguiu. Vós deveis conhecer, ao menos de nome, a guerreira enfoca conhecida como Dohna, a Furiosa, certo?

– Dohna, a guerreira do braço metálico? Claro que conhecemos – respondeu Gala. – Foi Alastar que fez o braço dela, certo?

– Na verdade ele projetou, eu que construí e eu pretendo chegar nesse ponto se me deixarem.

– Claro!

– Óbvio!

O ferreiro pegou um pouco de fôlego e retomou de onde tinha parado.

“Alastar partiu rumo ao oeste e por onde passava a sua fama o precedia e ele foi abrindo filiais da Guilda e a viagem que deveria ter durado alguns poucos meses, levou quase dois anos e nesse período Alastar não conheceu nenhuma elfa que se encaixasse nos seus parâmetros.

Atraído pelas histórias e pela fama de Arlon e Erdan, que já haviam chegado no continente de Orbi, ele pegou um navio e depois de uma relativa tranquila viagem, ele desembarcou em Erdan.

Para a sua sorte, a sua fama não havia chegado no continente central e assim ele pode viajar sem ter que lidar com pedidos de criar filiais da guilda, sem falar em que desde que ele cruzara o oceano ele perdera o contato com os demais membros da Guilda pois o equipamento de comunicação que ele desenvolvera não tinha alcance o suficiente para chegar no Continente Central.

Ele viajou por meses por Erdan e por Arlon e durante a viagem dele ele descobriu o lado ruim do anonimato: ele, que era naturalmente um rapaz tímido, estava com dificuldade de conhecer gente nova.

Alastar estava morando já algumas semanas numa cidade perto daqui quando teve uma ideia simples que mudou tudo: se a meta dele era conhecer uma elfa musculosa, com perfil de guerreira, por que não recriar a guilda?

A ideia era simples, mas implantá-la se mostrou mais trabalhoso do que ele esperava e isso fez que o caminho dele se cruzasse com o meu.

O prefeito da cidade onde ele residia não se mostrou muito interessado na ideia da Guilda afinal a Guarda Real de Arlon já oferecia um serviço através do qual as pessoas podiam contratar aventureiros indicados pela Guarda.

Porém ele não se mostrou disposto a desistir e, para tentar mostrar como a guilda podia ser útil, resolveu reproduzir alguns dos equipamentos que ele havia inventado no leste, mas, para isso, ele precisava de um bom ferreiro. Alastar era ótimo projetista, entretanto não era tão bom na hora de construir objetos. O estalajadeiro dono da Estalagem onde ele morava me indicou e assim eu finalmente o conheci.

Se o prefeito não tinha mostrado muito interesse na ideia da Guilda, eu, por minha vez, a achei maravilhosa. Sim, de fato, a Guarda Real na época fazia o papel de intermediação entre as pessoas comuns e os aventureiros, mas, como todo órgão estatal, estava presa a algum grau de burocracia.

A Guilda tornaria o processo mais ágil, mais rápido, diminuiria as responsabilidades da Guarda e o governo ainda assim teria como supervisionar os aventureiros através da própria Guilda.

Eu escrevi sobre a ideia para os meus tios, os monarcas de Arlon e consegui a aprovação. Na época o prefeito da cidade vizinha ficou um pouco incomodado alegando que eu havia usado de meu parentesco sanguíneo com a rainha para “vender” uma ideia ruim, mas eu não liguei, afinal tinha crescido ouvindo comentários como esse e aprendido a não me importar com eles.

Alastar se mudou para Swordia e ele, eu e a Liliana passamos a trabalhar direto na estruturação da Guilda. O primeiro passo foi dar um jeito de nos colocar em contato com as guildas do outro lado do oceano, o que não foi tão difícil como poderia parecer.

No Japão, ele era praticante de radioamadorismo e era em cima disso que Alastar montara a sua tecnologia de comunicação à distância, assim, nós só precisamos montar uma antena mágica com alcance grande o suficiente para captar os sinais emitidos do outro lado do oceano e enviar sinais para lá.

Ao finalmente entrar em contato, houve uma surpresa: as múltiplas guildas que ele havia fundado tinham se unido numa única grande guilda e tinham separado o cargo de Grão Mestre para ele, cargo que ele relutantemente aceitou.

A Guilda se mostrou um sucesso e finalmente os caminhos dele e da Dohna se cruzaram. Dohna era uma caçadora de grandes feras que resolvera entrar para a Guilda para aumentar a sua renda e, não preciso dizer, que, ao vê-la, nosso mago gordinho se apaixonou à primeira vista, afinal ela era tudo o que ele procurava: uma elfa alta, forte e musculosa.

No início ela não aceitou a “corte dele”, achando esquisito um homem se interessar por ela.”

– Esquisito porque, tio?

– Bem, Gala, Dohna sempre se considerou feia, bruta, desengonçada, nas palavras dela.

– Fala sério, tio, ela não é nada disso. Como diria a minha avó, um pouco de maquiagem e um toque feminino não cairiam mal para ela, mas feia? Longe disso.

– Eu concordo, mas me deixa retomar a história.

“Dohna não aceitou as cantadas de Alastar num primeiro momento, porém, diante da insistência dele, os dois acabaram ficando próximos e se tornando bons amigos. E num primeiro momento ele se contentou com isso.

Já fazia dois anos que a Guilda havia sido fundada aqui em Arlon e tudo seguia bem quando o passado de Alastar voltou para assombrá-lo.

O demônio crocodilo, que ele jurava ter destruído, havia sobrevivido de alguma maneira e o rastreara até Arlon, em busca de vingança.

Ele tomou uma pequena vila de refém e exigiu que Alastar viesse enfrentá-lo.

Mostrando mais coragem do que juízo, ele se dispôs a ir sozinho enfrentar o monstro, mas Dohna, eu e Liliana fizemos questão de ir com ele.”

– Pai, como era o tal demônio?

– Bem, Rosa, ele tinha mais de uma milha real (dois metros) de altura, pernas de bode, cobertas por um pelo castanho, tronco e cabeça de crocodilo, cobertas com escamas verdes, um par de asas diacrônicas verde, um rabo de crocodilo comprido e um par de chifres na cabeça.

– Ou seja, como diria o meu pai, bonito como o c* do cabrito.

– Exato, João, exato.

“O demônio transformara uma pequena caverna da região numa verdadeira masmorra, com paredes cobertas de blocos de pedra, com tochas nas paredes e múltiplos guerreiros esqueletos escondidos prontos para atacar quem entrasse nos seus domínios.

Confesso que os esqueletos ofereceram menos trabalho do que eu esperava, porém a batalha com o demônio foi bem difícil. Apesar do seu tamanho e de estarmos dentro de uma masmorra, ele conseguia se mover com certa velocidade e atacar com ferocidade.

Graças à Dohna, que sacrificou, literalmente, o seu braço direito para contê-lo, Alastar e Liliana conseguiram executar um ataque mágico poderoso o suficiente para destruí-lo a ponto de não sobrar nem cinzas, evitando assim qualquer chance de ele voltar à vida novamente.

Uma semana depois, quando Dohna estava finalmente recuperada dos ferimentos da batalha, Alastar novamente a pediu em casamento.

Ela num primeiro momento recusou dizendo que ele poderia arranjar algo melhor do que uma elfa bruta, desengonçada que ainda por cima agora trazia uma cicatriz no rosto e tinha apenas um braço.

Ele não desistiu, disse que não queria “algo melhor”, que ele a queria, e que ele a amava por tudo que ela era, que um braço à mais ou à menos para ele não mudava nada.

A teimosa elfa finalmente cedeu diante de alguém que era mais teimoso do que ela.

O braço metálico mágico dela foi construído por mim e pela Liliana a partir de um projeto do Alastar como presente de casamento.

Ele de fato não ligava para o fato dela ter perdido um braço, mas sabia o quanto isso afetava ela e assim conseguiu a nossa ajuda para construir a prótese que ela usa até hoje.

Eles se casaram numa bela cerimônia. Liliana a obrigou a usar um vestido de casamento e a usar maquiagem no dia.

Foram muito felizes juntos, tendo vários filhos e, quando a velhice começou a chegar para ele, ela o substituiu por algum tempo como a Grã-Mestre da Guilda e até hoje ela faz parte do conselho gestor dela, zelando pelo legado do marido.

Meu irmão Lukhz ainda conheceu Alastar já bem velho e ofereceu para levá-lo ao Japão, para visitar a família e os amigos. Alastar recusou, dizendo que a família dele e os amigos estavam aqui em Noritvy.

Mas, a pedido dele, o meu irmão comprou e trouxe para cá os mangás favoritos dele, para ele saber como as histórias terminavam e assumiu o compromisso de cuidar do túmulo da avó dele.

Numa tarde de outono, já tendo passado dos duzentos anos, estando cercado da esposa, dos filhos, dos netos, dos amigos e dos seus mangás, Alastar finalmente descansou e hoje se encontra enterrado no cemitério aqui de Swordia.”

– Bem, garotos, essa foi a origem da Guilda, que tanto queriam saber. Espero que tenham gostado da história.

– Eu particularmente adorei, tio, mas se me permite um comentário, ele morreu cercado dos seus gibis? Definitivamente, um nerd – começou João.

– Vosso pai falou a mesma coisa, sobrinho – riu Sieg. – Aliás, tu e a Gala ficarão para o jantar, certo?

– Claro.

– Com certeza.

– Ótimo!

O elfo se levantou e foi para a cozinha preparar a janta, ajudado pelos filhos.

Fim

Extra: Alastar e Dohna e o Demônio Crocodilo, feitos no FH.

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